O espírito de gaúcho é andarilho. É liberto. Não se restringe ao plano e a geografia do Rio Grande do Sul.
Pode estar nas luxuosas dependências do Teatro Municipal de Manaus ou na simplicidade de Xapuri, inserido nos ideais de Chico Mendes.
Quem sabe desbravando Rondônia?
Pode estar festejando os cinqüenta anos de Brasília ou correndo para cumprir com zelo os seus encargos na progressista São Paulo.
O espírito de gaúcho bandeou-se da Argentina e do Uruguai, cruzou a nado o Rio da Plata, para aquerenciar-se no garrão da Pátria Brasileira. Por aqui ergueu seu rancho de barro e capim, cobriu-o com santa-fé, reculutou o gado alçado a tiros de boleadeiras, forjou-se nas intempéries do frio e da lida rude, fortaleceu-se, mas, por ser aventureiro, deixou seu rastro na memória do povo sulino, que o cultiva, que o resguarda, e subiu costeando e brindando seus olhos, pelas lindas praias catarinenses.
Semeou no oeste paranaense, frutificou, colheu, e se foi...
No Mato Grosso do Sul e no Mato Grosso, foi valente pantaneiro até irmanar-se com os vaqueiros de Goiás.
O espírito de gaúcho é inquieto, arredio, alegre e hospitaleiro. Por ser assim, sem amarras, hora está garimpando no Pará, hora está descansando sob os coqueirais de Pernambuco. Hora está refazendo os trilhos do cangaço, pelo sertão baiano, hora está nas cálidas e bonitas dunas de Natal, no co-irmão Rio Grande do Norte.
O espírito de gaúcho é meio assim, Luis Carlos Prestes. Audaz, caminhante. Tem a tenacidade da mulher paraibana e a resistência do caboclo maranhense. Tem a beleza do Rio de Janeiro e a história gloriosa das Minas Gerais.
O espírito de gaúcho é Espírito Santo.
Pode estar no corpo de um índio de Tocantins ou num cabra da peste (no bom sentido) de Sergipe.
Tapeou na testa o mesmo sombreiro frente as chuvas de Roraima e o sol ardente e aconchegante do Piauí. Se usasse roupa, este espírito não tiraria a bombacha.
Deixou seu cavalo no sul para ser um jangadeiro no Ceará. Deixou os Sete Povos das Missões e as lutas libertárias de Sepé Tiaraju para ir pelear, ao lado de Zumbi dos Palmares, nos quilombos de Alagoas.
O espírito de gaúcho prima pelo respeito, pelo correto.
Não tem morada, é cigano e revira essa Nação com a mesma desenvoltura e o mesmo denodo de um centauro andejando pelos pampas. Vem do Oiapoque amapaense ao Chui riograndense sem cor nem bandeira, ou melhor, tem várias bandeiras que se mesclam nas cores verde e amarela, desfraldando aos ventos este manto sagrado e carregando sempre este orgulho de ser brasileiro, por opção.
Texto de: Léo Ribeiro
Pode estar nas luxuosas dependências do Teatro Municipal de Manaus ou na simplicidade de Xapuri, inserido nos ideais de Chico Mendes.
Quem sabe desbravando Rondônia?
Pode estar festejando os cinqüenta anos de Brasília ou correndo para cumprir com zelo os seus encargos na progressista São Paulo.
O espírito de gaúcho bandeou-se da Argentina e do Uruguai, cruzou a nado o Rio da Plata, para aquerenciar-se no garrão da Pátria Brasileira. Por aqui ergueu seu rancho de barro e capim, cobriu-o com santa-fé, reculutou o gado alçado a tiros de boleadeiras, forjou-se nas intempéries do frio e da lida rude, fortaleceu-se, mas, por ser aventureiro, deixou seu rastro na memória do povo sulino, que o cultiva, que o resguarda, e subiu costeando e brindando seus olhos, pelas lindas praias catarinenses.
Semeou no oeste paranaense, frutificou, colheu, e se foi...
No Mato Grosso do Sul e no Mato Grosso, foi valente pantaneiro até irmanar-se com os vaqueiros de Goiás.
O espírito de gaúcho é inquieto, arredio, alegre e hospitaleiro. Por ser assim, sem amarras, hora está garimpando no Pará, hora está descansando sob os coqueirais de Pernambuco. Hora está refazendo os trilhos do cangaço, pelo sertão baiano, hora está nas cálidas e bonitas dunas de Natal, no co-irmão Rio Grande do Norte.
O espírito de gaúcho é meio assim, Luis Carlos Prestes. Audaz, caminhante. Tem a tenacidade da mulher paraibana e a resistência do caboclo maranhense. Tem a beleza do Rio de Janeiro e a história gloriosa das Minas Gerais.
O espírito de gaúcho é Espírito Santo.
Pode estar no corpo de um índio de Tocantins ou num cabra da peste (no bom sentido) de Sergipe.
Tapeou na testa o mesmo sombreiro frente as chuvas de Roraima e o sol ardente e aconchegante do Piauí. Se usasse roupa, este espírito não tiraria a bombacha.
Deixou seu cavalo no sul para ser um jangadeiro no Ceará. Deixou os Sete Povos das Missões e as lutas libertárias de Sepé Tiaraju para ir pelear, ao lado de Zumbi dos Palmares, nos quilombos de Alagoas.
O espírito de gaúcho prima pelo respeito, pelo correto.
Não tem morada, é cigano e revira essa Nação com a mesma desenvoltura e o mesmo denodo de um centauro andejando pelos pampas. Vem do Oiapoque amapaense ao Chui riograndense sem cor nem bandeira, ou melhor, tem várias bandeiras que se mesclam nas cores verde e amarela, desfraldando aos ventos este manto sagrado e carregando sempre este orgulho de ser brasileiro, por opção.
Texto de: Léo Ribeiro